tag:blogger.com,1999:blog-360977272024-03-08T05:54:44.106-08:00Inventando ContinentesUm espaço no qual eu possa falar sobre aquilo que vivencio. Filmes, livros, músicas, quadros... tudo que eu achar interessante comentar.Enzo Braga Bittencourt Chinelattohttp://www.blogger.com/profile/10885150385073967556noreply@blogger.comBlogger28125tag:blogger.com,1999:blog-36097727.post-58104781669652913292012-05-13T15:40:00.001-07:002012-05-13T19:00:23.458-07:00Atlético Mineiro, campeão do Gelo e das MontanhasHoje, dia 13 de maio, ocorreu a partida final do Campeonato Mineiro de Futebol. Atlético e América chegaram até a decisão com méritos. De um lado, o América passou pelo Cruzeiro de modo inconteste, com duas vitórias nas semifinais. Do outro, o Atlético chegou com o melhor ataque e a melhor defesa do campeonato, jogando pelo empate devido à melhor campanha. Entretanto, o Clube Atlético Mineiro não entrou em campo pensando em empate, como ficaria nítido nos 90 minutos seguintes.<br />
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A bola começa a rolar e com poucos segundos de jogo Mancini, o habilidoso meio-campista ofensivo do Atlético, sofre uma falta. Sofreria outras ao longo do jogo e chutaria com perigo, sobretudo aos 14 minutos, quando chutou em cobrança de falta e viu a bola bater no travessão. Um pouco antes disso, no minuto anterior, China havia adentrado a área atleticana e sido puxado por Bernard, mas o árbitro não marcou pênalti.<br />
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Aos 22 minutos, Serginho, competente meio-campista defensivo do Atlético, chuta com perigo de fora da área. Nove minutos depois, o mesmo Serginho faz jogada central, iniciando no campo de defesa, partindo em direção ao ataque e tocando para Guilherme. Este avança em direção à área e chuta a bola com categoria, fazendo-a passar pelo goleiro, tocar o travessão e a trave e voltar para o meio da área, onde Serginho, aquele que iniciou a jogada, aguarda de modo oportunista para cabecear a bola para dentro do gol. O Atlético faz 1 a 0 e não parece estar nada satisfeito.<br />
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De fato, aos 39 minutos do primeiro tempo, Bernard, atuando como ponta-esquerda do Galo, avança pelo seu território, vence a dividida com o zagueiro e chuta no cantinho. A pelota beija a trave e entra. Atlético 2 a 0 no América. A Galoucura, essa torcida apaixonada que acompanha o clube do coração em suas montanhas ou mesmo nas terras alheias, essa massa que simboliza o décimo segundo jogador, a Galoucura “adentra” o campo ao emitir, a plenos pulmões, frases convictas da vitória no jogo e no campeonato. E ainda havia muita bola para rolar...<br />
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Começa o segundo tempo. Faltam apenas quarenta e cinco minutos para o fim do Campeonato Mineiro. O América precisa fazer três gols, mas o Atlético, que dominou a primeira etapa, não está disposto a defender-se. Ao ataque sempre, como deve comportar-se um time campeão. Jogando a final no lugar do artilheiro André, suspenso, Guilherme participou dos dois gols no primeiro tempo, mas sentiu dores musculares e foi substituído por Leleu. Logo aos três minutos da etapa final, este chuta no canto, obrigando o goleiro adversário a espalmar a bola em escanteio. Pouco tempo depois, Danilinho, o ágil ponta-direita atleticano, adentra a área e chuta com precisão, mas a bola é desviada pelo defensor.<br />
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O América, que atropelou uma raposa tímida por duas vezes nas semifinais, mostra que está vivo no jogo. Aos 18 minutos do tempo final, Alessandro chuta com o pé esquerdo e a bola passa a poucos centímetros da baliza atleticana. Pouco tempo depois, Giovanni, o goleiro do Galo, é requisitado novamente e defende firme uma bola cabeceada por jogador americano. O América teria mais uma chance de abrir o placar em cobrança de falta frontal, mas Meneguel ficou no quase.<br />
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O dia é mesmo de Galo. Aos 31 minutos, Bernard pega rebote na área americana, chuta com estilo e faz o terceiro gol do time, segundo gol do jogador na partida, decretando assim, de modo inegável e definitivo, a condição do Atlético como campeão do Campeonato Mineiro de Futebol de 2012. Réver e Giovanni foram soberanos na defesa, Richarlyson provou mais uma vez que sabe exercer funções variadas em campo, Serginho se mostrou forte no momento da decisão, os pontas passearam com facilidade pelos flancos e os atacantes se impuseram no território supostamente adversário.<br />
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O Galo é campeão invicto, tendo 11 vitórias e 4 empates. Campanha esplêndida de uma equipe vencedora. Todo esse lindo estado montanhoso das Minas Gerais é território atleticano. Aqui, por todo lugar, ecoa o hino do campeão dessas montanhas imponentes: o não menos imponente Clube Atlético Mineiro, Galo forte e vingador!Enzo Braga Bittencourt Chinelattohttp://www.blogger.com/profile/10885150385073967556noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-36097727.post-75723173856761433222012-01-05T13:20:00.000-08:002012-01-05T13:20:23.945-08:00Jogos Eletrônicos: Uma Breve ReflexãoCaro leitor, querida leitora, peço um momento da sua atenção porque quero debater sobre um assunto polêmico: a relação entre jogos eletrônicos e seus jogadores. Muitas pessoas, influenciadas por aquilo que é dito sobretudo nos canais abertos, costumam posicionar-se em uma de três opiniões extremas: pensam que jogos eletrônicos são coisa de criança, ou pensam que os jogadores são pessoas violentas, ou ainda que os jogadores são viciados. Convido agora a leitora e o leitor a uma breve reflexão sobre o assunto.<br />
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Quanto à idéia de que os jogos eletrônicos são uma forma de lazer exclusiva a crianças (ou a adultos infantilizados), é fácil verificar que não é bem assim. Existem jogos cujo grau de complexidade é bastante alto, exigindo um nível de conhecimentos gerais ou certas capacidades cognitivas que, em geral, as crianças não possuem ainda. Além disso, temos no mundo dos jogos eletrônicos títulos que trazem conteúdo adulto, sobretudo relacionado à sexualidade humana e à violência. <br />
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Falando em violência, chegamos a outro ponto: quem se dedica a jogos eletrônicos se torna violento? Não necessariamente! Afinal, o que leva alguém a cometer atos de violência? Bem, em todas as sociedades humanas, existem regras de comportamento, existe a noção de certo e errado, existem noções de ética e de moral que são transmitidas aos indivíduos através da família, da escola, da religião e de outras instituições.<br />
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Ocorre que, de modo geral, as pessoas internalizam as regras como válidas, e passam então, gradativamente, a comportar-se de acordo com tais normas. Essas pessoas, que entendem a noção de moralidade e a praticam, são pessoas morais. Entretanto, existem também aqueles que são amorais e aqueles que são imorais. <br />
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Amoral é alguém que não é capaz de perceber a distinção entre certo e errado. É o caso de crianças muito jovens, de idosos com alguma patologia que os faça regredir àquilo que se costuma chamar de “segunda infância”, e das pessoas tidas como insanas. Tais pessoas são incapazes de decidir sobre a moralidade dos seus atos. São amorais. Já os imorais são aqueles que conhecem as regras de conduta de seu meio social, mas de propósito transgridem essas regras. É o caso de quem rouba, engana, humilha, mata etc. e tem consciência do que está fazendo. <br />
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Pois bem, mas o que isso tem a ver com os jogos eletrônicos? Simples! Se uma pessoa madura e moral (que respeita as regras de convivência) se aventurar em jogos violentos, não há por que supor que tal pessoa há de tornar-se violenta. Afinal, essa pessoa é sã a ponto de perceber a diferença entre realidade e ficção, e tem boa índole a ponto de não transgredir as normas que visam o bom convívio social. <br />
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A gente pode até argumentar que jogos violentos são uma espécie de “terapia”, em sentido metafórico, é claro. Afinal, após decepar, metralhar ou, no extremo da maldade, obrigar um personagem do jogo a ouvir “funk” carioca, o jogador costuma sentir alívio, alegria, conforto. Somos todos “homo-pensa-que-sapiens”. Mamíferos. Bichos. Portanto, temos agressividade. É melhor sublimar essa agressividade num personagem fictício, do praticá-la contra um ser humano de carne e osso. Além do mais, se uma pessoa está prestes a cometer um ato violento, então ela pode inspirar-se não apenas num jogo, mas também num filme, num livro, numa música etc.<br />
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A terceira falácia é de que os jogadores são “tudo um bando de viciado”. O que é vício, querida leitora? É o contrário de virtude. Vício é aquilo que um indivíduo faz compulsivamente, sem ter controle sobre seu comportamento. Vício é aquilo que afasta o indivíduo de atividades edificantes.<br />
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Se alguém deixa de trabalhar, estudar ou cuidar de si para aventurar-se num jogo eletrônico, então é cabível falar em vício. Entretanto, uma pessoa que se dedica às atividades cotidianas normalmente e, nos momentos de folga, diverte-se com um jogo eletrônico, essa pessoa pode ser chamada de viciada?<br />
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Vale lembrar, também, que alguém pode viciar-se em mil e uma coisas. Há pessoas viciadas em cafeína, há pessoas viciadas em jogos de azar, outras são viciadas em comida... Tem até gente viciada em trabalho, existindo inclusive o termo inglês “workaholic” (parecido com “alcoholic”) para designá-las. A expressão “viciada em trabalho” pode parecer absurda para alguns, mas pensemos um pouco a respeito. Se alguém trabalha incessantemente, deixando tudo mais em segundo plano, inclusive as pessoas amadas, inclusive seu próprio bem estar físico e mental, essa pessoa está dedicando-se ao trabalho de modo saudável?<br />
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Então, querido leitor, cara leitora, espero sinceramente ter estimulado aqui a reflexão sobre o tema abordado. Esse assunto me parece bem interessante, e seria um prazer trocar mais idéia a respeito. Porém, preciso ir porque tenho um jogo muito legal me esperando ali. Espero que minhas palavras provoquem um “level up” no pensamento de algumas pessoas.Enzo Braga Bittencourt Chinelattohttp://www.blogger.com/profile/10885150385073967556noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-36097727.post-36677419310467489812011-11-01T04:29:00.000-07:002011-11-01T04:29:47.252-07:00Carpe Diem (Enzo)Carpe-diem<br />
Carpe-diem<br />
Carpe-diem<br />
Triiimmm!<br />
Acorda pra vida, rapaz!<br />
O vento sopra uma linda canção<br />
Convidando a viver esse mundo<br />
Afinal, por que não viver?<br />
Se não há outro mundo...<br />
As montanhas imponentes <br />
Cheiram a encanto, infância, raízes<br />
A pão de queijo e café com leite<br />
Atrás delas, o sol se levanta<br />
Abre a porta e a janela<br />
E vem ver o sol nascer<br />
Anunciando que onde ele reina<br />
Existe luz e calor<br />
E a vida dança numa melodia oscilante<br />
Às vezes baladinha a dois<br />
Às vezes Novos Baianos<br />
Às vezes violão e voz<br />
Às vezes rock de cabelos revoltos<br />
Às vezes sempre é muito bom!<br />
O mundo é uma caixinha redonda de surpresas<br />
A certeza da incerteza<br />
A beleza que se esconde<br />
Louca pra ser encontrada<br />
Mas onde?<br />
Da Ilha da Magia às Montanhas Encantadas<br />
Dos Pampas a Sampa<br />
Do bar da esquina ao Japão<br />
O sol, a lua e as estrelas<br />
O céu de brigadeiro e as nuvens de algodão<br />
Convidam a um momento de loucura<br />
Aventura, doçura<br />
Lá fora e aqui dentro<br />
O <br />
Mundo<br />
É<br />
Enorme<br />
E <br />
E x p a n s i v o .Enzo Braga Bittencourt Chinelattohttp://www.blogger.com/profile/10885150385073967556noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-36097727.post-10816294691745085882008-12-27T09:03:00.000-08:002010-05-14T17:50:28.100-07:00O Espírito do NatalAfinal, caro leitor, qual é o Espírito do Natal? Nos sermões, nos filmes que passam na TV essa época do ano, assim como entre familiares, fala-se na questão religiosa, isto é, o nascimento de Jesus e tudo que isso implica para a Humanidade. Por outro lado, nas vitrines, nas propagandas que passam na TV, aqui e acolá enfim, o Espírito do Natal parece tornar-se, paulatina mas incessantemente, outro: um momento muito bom para Economia, para as compras. Uma ode ao consumismo, uma relação aparentemente intrínseca entre querer bem e gastar bem. <br />
<br />
Sem vasculhar pormenores, sem a pretensão de esgotar o assunto ou mesmo acrescentar a ele algo particularmente relevante, pretendo apenas, com este pequeno texto, falar sobre minha percepção pessoal acerca do Natal. <br />
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Hoje é dia 27 de dezembro de 2008. Aqui na casa onde moro com minha mãe, na pequena cidade de Visconde do Rio Branco, que por sua vez se localiza nas Montanhas Encantadas (vulgo Minas Gerais), tivemos um almoço em família: minha mãe, meu irmão Júnior, sua esposa Andrea, o filhinho do casal, Vinícius, e, é claro, eu. Não estamos todos aqui, até porque é difícil reunir todos a um só tempo. Mas ainda assim trata-se de um almoço em família. Coisa rara e preciosa. Como é de costume, falamos amenidades, rimos um pouco e tal. <br />
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Na verdade, rimos bastante, pois meu querido sobrinho é, de fato, uma fonte interminável de falas improváveis e interessantes, de sorrisos efusivos e sinceros, de birras típicas da idade, de beijos e abraços... o guri erradia alegria e juventude em cada um de seus poros. A palavra trist... tris... (aquela que é antônimo de alegria) é simplesmente riscada do dicionário. Foi mesmo um almoço muito agradável. Não quero ser injusto com minha mãe, meu irmão e minha cunhada, muito menos com os familiares que estão espalhados por aí, mas a magia, a alquimia ficou por conta do pequeno Vinícius. <br />
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Uma vez terminado o almoço, a sobremesa: sorvete de chocolate. Cada qual pegou sua taça, uma taça de plástico transparente, com detalhes em vermelho. Uma taça de tamanho razoável. Cabe bastante sorvete. Mas o pequeno Vinícius, sempre espontâneo, sempre alegre, sempre querendo devorar a vida com uma colher bem grandona, o garoto, sempre tão inegável e maravilhosamente Vinícius, pegou sua taça também. E, embora igual às demais, era diferente delas. A taça também é de plástico transparente, também tem detalhes em vermelho, mas é bem maior que as outras. <br />
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Dir-se-ia, viniciosamente, que é a mãe das outras taças. O pequeno Vinícius é mesmo previsível em sua imprevisibilidade. Pode crer, caro leitor, que ele é incrível: não apenas quer devorar a vida com uma colher bem grandona, mas também quer tomar sorvete na mãe das taças. “Mas o que isso tem a ver com o primeiro parágrafo, com o tema o texto?”, vai perguntar o leitor viciado em redação de vestibular. Ora, caro leitor! Não estou escrevendo para a banca, então posso brincar de dar voltas a meu bel-prazer, certo? Além do mais, o leitor apressado vai ver que as coisas se conectam. <br />
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Diante da cena tão perfeita em sua simplicidade, mais que depressa peguei a câmera e tirei umas fotos. E é nesse ponto que este pequeno texto chega a seu desfecho. Com todo respeito às opiniões alheias, a mim não me importa que um grande mito tenha nascido há 2008 anos, não me interessa que o capitalismo esteja fortalecido nesta época do ano, nem tampouco me incomoda o fato de ser 27 - e não 25 - de dezembro. O “pessoal” sentado à mesa, com o pequeno Vinícius tomando sorvete na mãe das taças: eis o Espírito do Natal, segundo meu ponto de vista.Enzo Braga Bittencourt Chinelattohttp://www.blogger.com/profile/10885150385073967556noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-36097727.post-20951875517870749902008-01-12T18:07:00.000-08:002010-05-14T17:57:31.304-07:00O mergulhoA linda mocinha apaga as luzes e fecha os olhos. Ela quer viajar, fazer uma viagem especial a um lugar mágico onde só se pode chegar se o desejo e a entrega de si forem verdadeiros. Ela respira fundo, mas suavemente e de forma concentrada. Aos poucos, muito lentamente, a respiração agradável vai fluindo com naturalidade, como o dia e noite, o movimento da Terra ou as estações do ano. O desejo de abrir os olhos vai se esvaindo. Os cães que ladram lá fora soam distantes, cada vez mais distantes. Os problemas de ontem e de amanhã, as infindáveis preocupações que desviam a atenção, impedindo um momento de contemplação, vão sumindo... sumindo... sumindo... <br />
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Ela já não tem plena consciência de si. Sente um friozinho na barriga, como se estivesse subindo o elevador. Sente que o vento acaricia sua face e todo seu corpo, que fica arrepiado, de leve. Seu corpo parece flutuar, mas a consciência de ter um corpo já não é a mesma, já não é tão intensa. Esse momento tão gostoso se prolonga, e a moça não sabe se por alguns segundos ou dias inteiros. Assim como aconteceu com seu corpo, o próprio tempo se transforma: não é, não está sendo, não foi ou será: já não constitui incômoda prisão. <br />
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Ela sente que algo mudou. Alguma coisa ao seu redor, sem se manifestar, a convida a abrir os olhos. Ao fazê-lo, a linda moça tem uma revelação, um momento de beleza e magia. À sua frente, uma bela superfície ondulada e transparente se estende até onde os olhos alcançam. <br />
<br />
Acima, nuvens de um azul que entra graciosamente pelos olhos. Azul como as extremidades das ondas. Azul como a tiara que prende seus cabelos. Azul como seu vestido longo, que dança ao sabor do vento, caprichosamente, unido a seu corpo por uma estreita faixa de pano. Azul como a aura que emana da lua, que em formato de C exibe um amarelo forte, intenso, vibrante. <br />
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O mesmo amarelo das estrelas refletidas na superfície transparentes, estrelas espalhadas a esmo. Na verdade, não há como dizer que as estrelas são o reflexo das que estão no céu, pois não há estrelas no céu. Talvez sejam estrelas do mar. Talvez sejam estrelas e a superfície transparente de extremidades azuis seja uma enorme nuvem. <br />
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Mas nada disso perturba a moça. Ela não lembra qual costumava ser o seu nome, mas qual a importância disso? Os padrões, as convenções, a necessidade de uma resposta coerente a tudo foi-se embora junto com o peso e o tempo. <br />
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nada a prende ela está num estado de pura liberdade nuvens ondas estrelas lua vestido tiara cabelos amarelo e azul tudo forma uma unidade em perfeita harmonia a moça transcendeu a idéia de ser algo à parte de tudo mais está livre e em pazEnzo Braga Bittencourt Chinelattohttp://www.blogger.com/profile/10885150385073967556noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-36097727.post-56619974281721913252008-01-01T20:46:00.000-08:002010-05-19T17:01:26.270-07:00- - .- -.- -.- -.-– Coé, mano? Tempão que a gente não se esbarra... E aquela mina lá, aquela que você tava afim e tals? <br />
– Então... a situação está ótima, rapaz. A verdade é que ela também me ama. <br />
– Pô, que massa! <br />
– Pois é. A natureza conspira a nosso favor. Teremos um amor intenso e breve; uma chuva torrencial que surge subitamente, se espalha por todos os cantos, molhando a terra, carregando tudo, e se esvai em grande estilo nas sete cores de um lindo arco-íris. <br />
– Só... <br />
– Dizem que no começo era só o verbo, mas não é bem assim. No começo, antes de o mundo ser mundo, antes do dia e da noite, da vida e da morte, havia apenas o nosso amor escrito, antes mesmo de existir a escrita. O nosso amor aguarda, desde sempre, em estado embrionário, latente e pulsante, o momento exato de acontecer. <br />
– Que doido, cara! <br />
– E não é? O nosso amor é uma inevitabilidade histórica, assim como o final triunfante da luta de classes. É algo inexorável, implacável, irrefreável, inevitável. Resistir ao nosso amor seria como tentar cessar o fluxo da própria História. <br />
– Pô, então ela tá amarradona mesmo! <br />
– E digo mais. Há quem acredite que a existência precede a essência, ou seja, só é possível ser depois de existir; entretanto, tal filosofia cai por terra diante do amor que eu e essa pequena nutrimos um pelo outro. É inegável que já éramos amantes, namorados e enamorados antes de existirmos. <br />
– Ó, mano, se eu entendi direito, o lance aí é sério mesmo. Vocês nasceram um pro outro! <br />
– Vejo, com muita alegria e satisfação, meu caro, que sua percepção é exata. O único problema é fazê-la perceber tudo isso...Enzo Braga Bittencourt Chinelattohttp://www.blogger.com/profile/10885150385073967556noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-36097727.post-51075892055856564502007-11-23T12:55:00.000-08:002010-05-14T18:07:33.808-07:00Última AulaNão me importa que você more <br />
Num advérbio de lugar, <br />
E eu more noutro <br />
Sabe por quê? <br />
É simples, bobinha... <br />
Você mora aqui dentro, <br />
Cercada de lindos adjetivos <br />
Nem me chateio com a ausência <br />
Do seu nome do meu diário <br />
Todo dia ouço você dizer “presente!” <br />
No meu coração <br />
Você foi embora? <br />
Nem ligo! <br />
Não te vejo mais ali na frente, <br />
Me fazendo perguntas inteligentes, <br />
Me ensinando a ensinar? <br />
E daí?! <br />
Ao fechar os olhos, ainda te vejo <br />
Ao tampar os ouvidos, ainda te ouço <br />
Você deixou em mim <br />
Um pedacinho de si <br />
E é com muito carinho, <br />
E é a sete chaves <br />
Que eu guardo essa preciosidade <br />
Agora uma questão difícil <br />
Quando eu digo <br />
“Alguém adora você”, <br />
Adivinha só <br />
Quem é o sujeito da frase...Enzo Braga Bittencourt Chinelattohttp://www.blogger.com/profile/10885150385073967556noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-36097727.post-70108756521691758582007-10-18T14:42:00.000-07:002010-05-14T18:09:31.326-07:00A dança dos pãezinhos: um elogio à loucuraUm punhado de sonhos numa grande bandeja cor de prata. De repente, uma faísca de vida: os pãezinhos recheados de doce de leite subitamente se levantam e começam a dançar. E não se trata de uma dança desgovernada, não são pãezinhos hard core; não, os sonhos dançam muito estilosa e sincronizadamente ao som de “Olha, isso aqui ta muito bom, isso aqui ta bom demaais... Olha, quem tá fora quer entrar, mas quem tá dentro não sai...”. <br />
<br />
Seria essa a mesma faísca que o camundongo Mickey (na animação Fantasia, quando indevidamente pegou o aparato mágico de seu mestre) jogou sobre as vassouras, dando-lhes vida e a incumbência de carregar água para ele? Não sei, sinceramente não sei. Mas sei que lá estavam os pãezinhos, com seu recheio de doce de leite, e lá estava a canção, a embalar sua graciosa dança. <br />
<br />
Foi então que eu despertei, com a baba entre a boca e o travesseiro. Coisa curiosa! – pensei – e comecei a rir sem parar. Quinta-feira, fim de tarde; ao meu lado, na cama, a revista Entre Livros, com Machado de Assis na capa. Imediatamente lembrei – ainda com o sonho fresco na memória – que antes de adormecer estivera lendo uma entrevista de David Toscana, autor mexicano conhecido por sua "literatura desquiciada", isto é, literatura desvairada, fruto da influência quixotesca em sua obra. <br />
<br />
Toscana explica, na entrevista, que tem uma especial admiração por essa obra e que, em sua própria, defende uma luta pela imaginação, uma não-escravidão às convenções, ao que se costuma chamar realidade. Vai além, ao defender uma quixotização do mundo. Quer dizer, nenhum estudante universitário receberia o diploma sem ler Dom Quixote, nenhum político tomaria posse se não comprovasse conhecimento sobre a obra e assim por diante. <br />
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Quinta-feira, fim de tarde. Eu estivera trabalhando desde a manhã, e ao chegar cansado me deitei e comecei a ler. O sono me venceu. Ao acordar pro lado de dentro, acho que o cansaço, o calor abafado que tem feito nessa terra e a quixotização de Toscana, tudo isso se misturou no caldeirão da minha cachola resultando nos tais sonhos dançantes. Os sonhos, dentro do meu sonho, eram uma brincadeira estrutural, a metalinguagem dançando pra mim, um trocadilho visual e provocante. Era, enfim, a quixotização em sua plenitude. <br />
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Obrigado, Quixote. Obrigado, Toscana. Enfrentemos os dragões e os gigantes! Nos libertemos do jugo da razão e viajemos sem bússolas pelos mares da imaginação. Dancemos no silêncio e choremos no carnaval, sempre em nome das causas perdidas e daquilo que os homens sérios chamam non-sense. Queimemos os mapas e façamos a caminhada ao sabor do Destino, sem destino. <br />
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Sejamos ilhas de loucura no grande mar da razão, mas estejamos sempre num processo expansivo, a ponto de fazer a razão duvidar de si própria. Sim, plantemos a semente do caos na patética e opressora ordem. Vamos abolir o ponto final e rechear os parques, os livros, os quadros, as paredes e as mentes com pontos de interrogação. <br />
<br />
E você, o que acha disso?Enzo Braga Bittencourt Chinelattohttp://www.blogger.com/profile/10885150385073967556noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-36097727.post-81960869402952466332007-10-07T06:58:00.000-07:002010-05-14T18:10:58.163-07:00O sentido da vidaO mineiro estivera meio pensativo por vários dias. Perguntas sérias, relacionadas a esta existência e o sentido da vida, adentravam sua alma como uma boiada logo após o abrir da porteira do curral. Ele decidiu então subir a Montanha dos Quatro Elementos, essa que é a maior obra de arte da natureza. <br />
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A Montanha dos Quatro Elementos tem incontáveis quilômetros de altura e tem esse nome porque apresenta uma singular configuração dos quatro elementos básicos: há um belo lago de águas transparinas (transparentes e cristalinas); um pequeno vulcão adormecido dá um charme especial ao ambiente; a própria montanha representa a terra; e o vento sopra incessantemente emitindo um som que parece uma voz – a voz da natureza, dizem. Por tudo isso, acredita-se que quem chegar à parte mais alta e lá meditar será capaz de encontrar todas as respostas. <br />
<br />
Claro que a Montanha dos Quatro Elementos, não obstante suas impressionantes dimensões e suas propriedades únicas, não está no mapa e não é do conhecimento do grande público. Ora, semelhante preciosidade causaria o interesse de muita gente inescrupulosa. <br />
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Imagine só, caro leitor. Num dia as manchetes dos jornais pelo mundo afora anunciam a descoberta da “irmã mais velha do Everest”, no dia seguinte especula-se que haja armas de destruição em massa e um grupo de guerrilheiros, e no terceiro lá está o tio Sam usufruindo nossas riquezas naturais, sempre em nome da Democracia. O mineiro, povo que sabidamente come quieto, tem conseguido preservar esse segredo como tal. E se a sombra da dúvida ainda pairar sobre sua cabeça, caro leitor, saiba que o fato de você nunca ter ouvido nada a respeito é justamente o que prova a veracidade de minhas palavras. <br />
<br />
Mas chega de digressões. Tive que escapar ao tema principal para preencher uma lacuna. O mineiro decidiu então subir a Montanha dos Quatro Elementos. Preparou uma boa provisão de pão de queijo e café e começou a longa subida. Dura e desgastante foi sua jornada. À medida que ia subindo, mais e mais cortante se tornava o sopro gelado em sua face, e a necessidade de oxigênio crescia à mesma proporção que diminuía sua presença nos pulmões. <br />
<br />
Muito mais que um mero par de hobbits subindo uma montanha comum com o vulgar intuito de levar um anel qualquer a certo lugar, lá estava o mineiro, reunindo todas as forças de seu corpo e sua alma em busca do sentido da vida. Depois de intermináveis dias, ao ponto de ele próprio não saber mais quantos, o mineiro finalmente chegou ao topo da Montanha. O vento soprava mais violentamente do que nunca, e as nuvens lá embaixo se movimentavam freneticamente. Acima, apenas o infinito azul e o intenso amarelo. O mineiro, ciente da grandiosidade da situação, multiplica suas forças e grita, a plenos pulmões: Quem cô sô? On cô tô? Djon cô vim? Pron cô vô? <br />
<br />
Por um longo tempo, essas palavras ficaram voando acima das águias. Nenhum sinal de resposta. O mineiro chegara ao topo do mundo e nem sinal de resposta. Aos poucos a esperança foi minguando em seu coração; o fogo que o impulsionara até ali ia se extinguindo. Quando os anseios da alma não são atendidos, é então que o corpo fala mais alto. Ele sentiu uma imensa fome; pegou alguns pães de queijo e encheu uma xícara de café. Depois, tomado por enorme cansaço, deitou-se e fechou os olhos, já esquecido de sua missão. <br />
<br />
Foi então que algo surpreendente aconteceu: de olhos fechados, no limite entre o lado de fora e o lado de dentro, foi então que o mineiro percebeu o sentido da vida. Para sua grande surpresa, ele descobriu que para ver o sentido da vida, é preciso fechar os olhos. A resposta esteve consigo o tempo todo, dispersa no silêncio. Muito feliz e realizado, o mineiro pegou mais alguns pães de queijo e encheu mais uma xícara de café. Ele tinha um longo caminho de volta.Enzo Braga Bittencourt Chinelattohttp://www.blogger.com/profile/10885150385073967556noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-36097727.post-26640727439123832902007-09-30T15:11:00.000-07:002010-05-14T18:15:57.682-07:00Diário de um prisioneiro (30-09-07)George Bush e sua gangue continuam arrotando asneiras, cuspindo bombas e flatulando armas químicas; o Brasil perdeu hoje de manhã pra Alemanha, por 2 a 0, na final da Copa Feminina; as pizzarias de Brasília (Pizzaria da Educação, Pizzaria da Fazenda etc.) continuam a toda lenha, com a sua fornalha consumindo a impunidade e a ignorância, sempre em nome da desordem e do regresso... e eu também não ando lá muito bem das pernas. <br />
<br />
Nos últimos dias fui mantido em cárcere privado no meu quarto, refém do meu próprio corpo. O que me resta então? Restam algumas idéias na cabeça, dedos coçando e tela em branco. Antes que a situação fique crônica, por que não aproveitar o trocadilho gênero-textual e escrever um pouco, fazer uma pequena metalinguagem e terminar as preliminares? Vamos à introdução... do tema, claro. Ontem terminei de jogar Okami, um RPG-Ação do meu velho parceiro PS2. <br />
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Que jogo incrível! O clima místico e mitológico – ou religioso, depende do ponto de vista – flui de modo muito agradável em todos os aspectos, dos deslumbrantes visuais às músicas deliciosas, do enredo inteligente e bem amarrado ao sistema de batalha inovador e repleto de recursos. Okami é uma viagem a um mundo encantado, fantástico, onde os deuses do Xintoísmo se unem na eterna luta do Bem contra o Mal. <br />
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Num Japão medieval e mágico, com criaturas da escuridão brotando nos campos, infestando cavernas, horrorizando vilas em seu vil intento de dominar a tudo e a todos, a protagonista da aventura é Amaterasu, a deusa do Sol, que neste mundo assume a forma de uma loba. Não, não, ela não é uma tiazinha de meia idade redescobrindo seu sex appeal; a deusa do Sol se transfigura sem metáforas para enfrentar o temível Orochi, espécie de dragão de oito cabeças, e sua corja de polític... digo, de monstros vis e sanguinários. <br />
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Pelos elementos fantásticos, o enredo complexo e simbólico, bem como a profundidade psicológica dos personagens e um humor afiado, capaz de promover maravilhosas quebras ao longo do enredo geralmente “sério”, por tudo isso Okami se assemelha às obras do genial Miyakazi, como A Viagem de Chihiro e O Castelo Animado. No mundo dos games, me parece que a melhor comparação é com The Legend of Zelda, do não menos genial Shigeru Miyamoto. <br />
<br />
Mas essas comparações não devem deixar Okami na penumbra, pois o jogo tem seus próprios méritos, certamente merece muitos holofotes. Se mencionei Miyazaki e Miyamoto, é porque me encanta a capacidade desse povo do sol nascente pra fazer cultura de apuradíssimo gosto. Isso sem falar nas japonesas. Ai, as japonesas... (suspiro apaixonado). <br />
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Falando nessas incríveis criaturas de saias, que me alteram a respiração, os batimentos cardíacos e o humor, assisti hoje de manhã a derrota da seleção feminina de futebol do Brasil diante da Alemanha, e gostaria de bater uma bolinha sobre esse assunto. A defesa alemã é realmente sólida, quase impenetrável, tanto que não sofreu nenhum gol ao longo da Copa. Além disso, as jogadoras germânicas demonstraram muito mais sangue frio e organização tática. <br />
<br />
O futebol feminino da Alemanha e do Brasil se parece bastante com o masculino, pelo que eu vi hoje. No lado de lá, uma consciência tática invejável, um incrível senso de equipe, um jogo meio mecânico e frio, um contra-ataque preciso que não perdoa a ineficiência alheia. “Uma coisa parecida com futebol e que dá resultado”, como diz o folclórico Galvão Bueno, num dos seus raros e breves lampejos de sanidade. <br />
<br />
No lado de cá, deficiência na defesa e valores individuais raros no ataque, principalmente a Marta, camisa 10, a nossa Ronaldinha Gaúcha capaz de desequilibrar qualquer partida. O problema é que quando se tem apenas isso, apenas valores individuais, fica mais fácil a equipe ir mal por causa de um resfriado, um desarranjo intestinal ou uma tpm, esse novo elemento que agora faz parte do universo futebolístico. <br />
<br />
O Brasil foi mal no ataque, a Marta perdeu pênalti... em uma palavra, enquanto as brasileiras nitidamente esquentavam a cabeça com o passar dos minutos, as alemãs se mantinham confortavelmente em seu zero grau centígrado. Foi uma vitória merecida, mas não há por que baixar a cabeça no lado de cá. Afinal, Brasil e Alemanha foi uma guerra desigual se considerarmos que o futebol feminino tem muito mais apoio em países como EUA, Noruega e a própria Alemanha. <br />
<br />
A medalha de prata no peito é uma conquista louvável, um belo exemplo de superação. Vamos ver se agora a CBF organiza um campeonato e dá o devido suporte ao futebol feminino. <br />
<br />
De volta às incursões lúdico-verbais, foi muito agradável brincar com a língua em sua companhia imaginária, caro leitor, mas já é fim de tarde e isso representa uma sucessão não muito animadora de fatos. A noite traz a Lua, que traz a meia-noite, que traz a segunda-feira, que traz os berros insuportáveis do despertador; essa criatura sádica me leva de volta ao mundo real, com provas pra corrigir, lindos anjinhos da quinta série pra separar um do pescoço do outro, minha viola com suas curvas provocantes e sua voz insinuante sempre me seduzindo... que venha a semana. <br />
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Até logo, Chihiro, Hauru e Link. Boa noite, Amaterasu. Pedala, Marta! Vá pro George Bush que o carregue, Orochi! Boa semana, caro leitor.Enzo Braga Bittencourt Chinelattohttp://www.blogger.com/profile/10885150385073967556noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-36097727.post-32908801295044708522007-09-09T18:56:00.000-07:002010-10-22T08:29:32.904-07:00In-sanidadeTortuosas ramificações aéreas <br />
Se nutrem da incessante sinestesia <br />
Que flui, flui... <br />
Eis que se abrem as cortinas da percepção <br />
Revelando o infinito horizonte <br />
Bela é a estrada de sete cores<br />
Sob pés saltitantes, levitantes <br />
Imaginação alada, <br />
Aventura imaculada, <br />
Suave brisa na face <br />
No fim a fonte cristalina <br />
Sagradas gotas saciam a alma <br />
Infinita sede de inspiração, <br />
Infinitas gotas de inspiração <br />
Fumaça de idéias... <br />
Aspiração <br />
In-spiração <br />
Pira-ação: <br />
O fogo que age <br />
O fogo-íris percorre as veias <br />
Alimentando os sete sentidos... <br />
Trans-piração Ex-piração: <br />
O fogo se dissipa, <br />
Um grande clarão inunda os olhos <br />
E então Íris se transfigura <br />
Fios de ébano <br />
Parecem buscar o chão <br />
Pele de leite, <br />
Olhos de jabuticaba, <br />
Lábios de pêssego <br />
Íris então se aproxima <br />
E suavemente sussurra ao meu ouvido <br />
Palavras de mel e alecrim <br />
Ó, fonte de toda inspiração, <br />
Ó, Íris, amada e musa, <br />
Me usa, <br />
Me abusa,<br />
Me lambusa <br />
Da quase-matéria de que és feita <br />
Tu, que és feita,<br />
Refeita,<br />
Perfeita, <br />
Me abraça, <br />
Me enlaça <br />
Na espiral espaço-tempo <br />
É de bom grado <br />
Que viajo contigo <br />
É de bom grado <br />
Que te recebo.Enzo Braga Bittencourt Chinelattohttp://www.blogger.com/profile/10885150385073967556noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-36097727.post-1085747369023243142007-08-14T17:02:00.000-07:002007-08-14T19:32:45.389-07:00Carpe Diem 2Ouço o sutil som que sopra...
Assobio de sabiá sobre a sacada...
Sempre sempre... sábio e sagaz...
Ouço o sopro que não cessa...
É a vida que convida
A todos os seres cantantes
A todos a serem contentes
A todos que aí estão, com vida
À saborosa ceia de sabores sortidos
Sim... ouço o chamado de tudo
Em qualquer lugar, a todo segundo
Um acontecimento agradável pode brotar
O amor pode se esgueirar
No emaranhado das folhas das árvores
E assim ser inalado pelos meus olhos
Um abraço amigo pode aquecer meu coração
Um desejo já maduro vem ao chão
Trazendo em si a semente das possibilidades
Minhas raízes se ramificam por mil mundos
Que sin-cro-ni-za-da-men-te se sucedem
O segundo é de primeira importância
Sei que só a mudança permanece
’Stou sujeito sempre gerundiando...
E o sabiá na sacada insiste em assobiar
Residente resoluto e repetitivo do relógio
Sim... eu posso vê-lo
Sim... eu posso ouvi-lo
Ouço o sutil som que sopra...
Sempre sempre... sábio e sagaz...
Sibilante sopro que não cessa...
Suavemente subindo ao céu...Enzo Braga Bittencourt Chinelattohttp://www.blogger.com/profile/10885150385073967556noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-36097727.post-60277317775395799172007-05-27T07:53:00.000-07:002010-10-22T08:43:41.134-07:00Inventando continentesLá em cima o sol e as estrelas em seu movimento repetido, constante e involuntário. Cá em baixo as pessoas em seu movimento. Tudo indicava ser um dia normal, mas algo inusitado aconteceu. – Olá! Sou vendedora. - disse a mulher de meia idade mostrando o crachá bonito que confirmava o que ela dissera. E antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, continuou - Quero lhe oferecer um par de óculos, mas não de um tipo qualquer. São absolutamente especiais. A idéia de que aquele meu agradável momento contemplativo seria quebrado por uma ladainha tecnológica se dissolveu em pleno processo de surgimento. <br />
<br />
A natureza especial dos óculos estava, segundo a vendedora, no fato de eles possibilitarem a incrível habilidade de ver o que até então estava oculto. – Como assim? - com um tom de voz que não tentava disfarçar a incredulidade. – Meu caro, o essencial é invisível aos olhos. Você não sabia? Tome, experimente. – Não vejo nada diferente... – Sei... aposto que você não tinha visto aquelas flores ali atrás. Ora, eu sabia muito bem que não havia nenhuma flor atrás de mim. Ao fazer meu itinerário normal, como qualquer outro dia, lá estava o banquinho onde gosto de me sentar e a árvore que me oferece sua sombra, lá estavam as pernas apressadas que passam pra lá e pra cá num musical antigo, em linha de montagem, e lá estava o asfalto, quente e previsível atrás de mim, sem qualquer flor. <br />
<br />
Mas de algum modo, por algum motivo, o olhar daquela mulher emitia uma confiança que me impulsionou a olhar pra trás. – Ué, como elas vieram parar aqui? Eu com cara de bobo e ela com um sorrisinho dúbio. – Por um breve instante, ao se virar, você acreditou que veria as flores. Isso te assusta, não é? Você está acostumado a descobrir as coisas, a perceber a verdade que está lá fora. Nunca lhe ocorreu que talvez a verdade não esteja tão longe? – Mas isso é loucura! – Se você acreditar nisso... Veja, você está habituado a repetir perguntas que ecoam através de você, e descobre muito objetivamente a resposta no Grande Livro da Razão. Mas você pode, se quiser, inventar suas próprias perguntas e criar as respostas. <br />
<br />
Há uma história que considero muito interessante... Dizem que os nativos da atual América, no momento da chegada dos europeus, não perceberam imediatamente seus navios no oceano. Eles nunca tinham visto algo assim, e ao olhar o horizonte azul, lá estavam o mar e o céu, como sempre, e nada mais. Usando as suas palavras, seria muita loucura ver aqueles enormes objetos de madeira deslizando suavemente sobre as águas, sem afundar. E por outro lado, dizem que até então não havia aquele continente ali. O que havia é o mar, cheio de criaturas monstruosas, e no fim o abismo. Mas algumas pessoas loucas acreditavam que talvez houvesse outras terras, talvez não houvesse o enorme abismo... <br />
<br />
As pessoas querem muito ser razoáveis, objetivas e racionais. Mas não tem que ser assim. Apenas pode ser. Aquelas palavras eram realmente estranhas, e nada me impedia de dizer isso à mulher. Nada me impedia de levantar e ir embora com um sorriso sarcástico nos lábios. Nada me impedia de fazer isso, a não ser meu desejo de ouvir aquelas palavras que, estranhamente, faziam sentido. – Você pode inventar que faz bem a uma pessoa e ela a você, que ao se encontrarem são tomados ambos de algo especial e agradável. Esse sentimento que surge entre os dois inunda as almas, transforma o ambiente e se espalha em ondas para o mundo, o tempo, a vida, o universo todo. Terá inventado, assim, o amor. Você pode até mesmo inventar continentes, meu caro. O mundo depende de como você olha. <br />
<br />
Mas a escolha é sua; não posso te forçar. Houve então um silêncio que me interpelava, pedia que me manifestasse. Depois de um longo tempo, em que fiquei pensativo, a mulher pacientemente esperou que eu dissesse algo. – Mas quanto custam esses óculos? – Você tem que depositar sua fé, apenas. Achei engraçada a palavra “depositar” naquele contexto. Dei uma risada tímida. – Mas você disse que é uma vendedora... Agora o breve sorriso veio dela. – Ora, se eu lhe dissesse que sou uma doadora de óculos, você nem me daria atenção, certo? E aposto que olharia pra trás e diria “Que louca!”. Afinal, você nunca viu isso... – É verdade! - e agora minha risada veio forte e espontânea - Eu aceito os óculos. Muito obrigado... qual é o seu nome? – Nossa, tenho vários! Há pouco você me chamou de loucura... Agora devo ir, mas antes eu gostaria de uma dessas flores. Pega uma pra mim? Quando me virei pra lhe entregar a flor, ela tinha sumido. Fiquei um longo tempo parado, com o olhar disperso, tentando entender aquilo tudo. <br />
<br />
De algum modo, me sentia diferente. Olhava minhas mãos, falava baixinho pra ouvir minha voz, sentia a luz que atravessava os vãos da árvore e chegavam até mim, olhava o asfalto, as montanhas, o céu... fazia tudo isso como se fosse pela primeira vez, como se tudo tivesse surgido agora, ou como se eu tivesse surgido agora, ou talvez como se tudo - as folhas, o chão e o céu, e até mesmo eu - fôssemos uma só coisa. Ao olhar um muro, um daqueles em frente dos quais passo todos os dias, vi que algo estava escrito. Poucos minutos atrás, ele estivera em branco, mas isso não me incomodou. Lá estavam as palavras: E não sabendo que era impossível, ele foi lá e fez. Uma intensa e repentina crise de riso se apossou de mim. <br />
<br />
Caminhando pela rua, as pessoas - ainda havia pessoas - me olhavam com um ar desconfiado. Aos seus olhos, certamente eu parecia um louco.Enzo Braga Bittencourt Chinelattohttp://www.blogger.com/profile/10885150385073967556noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-36097727.post-5449683686401221202007-05-14T09:47:00.000-07:002007-05-14T09:50:04.131-07:00Coração de ArtistaQuero ser um artista
Fazer a incrível alquimia
De transformar a vida
Suas derrotas e conquistas
Em lirismo e poesia
Quero entrar na vida de alguém
Um dia ser a “nossa canção”
De um casal de apaixonados
Fazer bater no peito petrificado
A pedra pesada que se retorna coração
Quero fazer a fabulosa magia
De transformar água em vinho
Alcançar o estado de arte
Trilhar esse maravilhoso caminho
Por toda a vida, até a morte
“Qual Enzo, o artista? Conheço, claro
Que belo estilo, que modo raro
De falar dos sentimentos humanos
Com perspicácia e sinceridade
Eis um artista de verdade”
Quero ser um artista
Em metá-foras quero nadar
Meto-fora o sentido inicial
E ponho outro no lugar
Mais interessante e original
Sim, eu quero ser artista
Desses que fazem arte mesmo
Pegar em estado bruto e lapidar
Um acontecimento banal, a esmo
E com ele fazer rir e chorar
Mas o que é ser artista, ao certo?
Se tem a ver com sentir assim
E cada vez mais se entregar
Então eu vou chegando mais perto
De um dia me tornarEnzo Braga Bittencourt Chinelattohttp://www.blogger.com/profile/10885150385073967556noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-36097727.post-90610560387760274942007-05-06T07:30:00.000-07:002007-05-06T07:35:59.176-07:00Histórias de um All StarEsse All Star velho de guerra
Tem muita história pra contar
Esse All Star cheio de terra
Nunca se cansa de pular
Lá vai ele, olha lá
No chão e no ar!
No chão e no ar!
Ele levanta poeira
Que se dissolve pelo ar
Ele pula a noite inteira
E nunca se cansa de pular
Certas coisas nesse mundo
E difícil acreditar
Olha que curioso esse All Star
Ele é um feito de dois
E parece mudo
Mas tem língua e sabe falar...
Toda vez que falta som
O inaudível nos salta aos ouvidos
É um salto na noite iluminada
As mãos, frenéticas, animadas
Dançam ao som do velho garoto
Que não pára de cantar
(Ele tem singer até no nome)
A atmosfera parece encantada
Olhos, ouvidos e corações
Têm sede, têm fome
E se alimentam das lindas canções
110... 120... 160...
Só pra ver até quando
O nosso corpo agüenta
O som que vem chegando
Tem sabor de menta
E se mistura à alegria intensa
Da multidão emocionada
Nessa terra de Engenheiros
Cercados por tantos mineiros
A juventude é uma banda
No alto das Montanhas Encantadas
Nem tão longe que eu não possa ver
Nem tão perto que eu possa tocar
Nem tão longe que eu não possa crer
Que eu também estive lá
E lá em cima, de mãos dadas
Pulando e cantando comigo
Meus parceiros, meus amigos
Nas curvas dessa infinita highway
Passageiros da mesma estrada.Enzo Braga Bittencourt Chinelattohttp://www.blogger.com/profile/10885150385073967556noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-36097727.post-54019748291938856002007-04-22T22:53:00.000-07:002007-04-25T19:41:54.183-07:00Eu sou as sombras(a Lavoura Arcaica)
Não sou aquele que dá respostas
Sou aquele que faz perguntas
Não trago a luz
Afirmo a presença/iminência das trevas
Onde a ordem repousa pateticamente
Eu trago a semente fluida e violenta do caos
Diante da verdade enjaulada
Em compartimentos milenares empoeirados
Eu trago o sopro virulento das mudanças
Afinal, onde estão as provas?
Onde estão os fatos?
As boas novas
Eram só boatos(?)Enzo Braga Bittencourt Chinelattohttp://www.blogger.com/profile/10885150385073967556noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-36097727.post-92092379536897175792007-04-06T10:14:00.000-07:002007-04-06T10:22:44.911-07:00A dançaOs dois se olham de frente
Olhares cortantes, penetrantes
Um infinito jogo de espelhos
O silêncio é quebrado, subitamente
O swing de pernas, incessante
O vai-vem dos quadris, constante
O estrondoso choque dos corpos suados
Tudo forma uma harmoniosa sinfonia
Os gigantes, exaustos e abraçados
Buscam um sopro vital
Pra continuar o ritual
O público grita em êxtase
Contagiado pelo calor do espetáculo
E assim segue a sessão de dor e prazer
Nos momentos mais duros
É passada sobre a pele
Uma substância viscosa
Que torna mais suave o contato
Fora das quatro paredes de cordas
A platéia grita, cada vez mais eufórica
Ela nunca se contenta
Por mais selvagem que seja a contenda
Mesmo que seja
Incrivelmente intensa a peleja
Lá dentro, de pé e concentrado, cada qual
Imagina como deixar o outro na horizontal
Assim prossegue a dança dos Titãs
Sob o olhar antropofágico de Baco
........................................................
Bem-vindo ao mundo viril do Boxe.Enzo Braga Bittencourt Chinelattohttp://www.blogger.com/profile/10885150385073967556noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-36097727.post-22150569155307509182007-03-22T18:31:00.000-07:002007-03-22T18:45:18.241-07:00Um dia mágico ao seu lado(a uma raposa)
Nos encontramos às três em ponto
Uma praça belissimamente adornada
De flores multicoloridas e pessoas sorridentes
É o palco do nosso primeiro encontro
Cansados de andar, sentamos no banco
Um hipopótamo gigante voador faz um vôo rasante
Perto de nós. Você tem medo nesse instante
E eu dou risada, acho graça
Pego um punhado de flores e jogo pra cima
E cada uma delas se torna um balão
Você fica admirada, não compreende nada
“São os óculos cor-de-rosa da felicidade”, eu explico
Depois, de mãos dadas, vamos ao cinema
O filme mostra um casal de apaixonados
Que vê um filme sobre um casal de apaixonados
“Olha! Somos nós!”, você exclama
E novamente solto uma gargalhada
De volta à praça, você olha espantada
Para um bando de relógios no céu
“Ao seu lado, as horas voam”, comento
E agora, é você quem não se agüenta de risada
Mas chega a hora de ir embora
Damos um beijo e um abraço apertadíssimo
E dizemos “Ah, Deus...”
Tudo volta ao normal.Enzo Braga Bittencourt Chinelattohttp://www.blogger.com/profile/10885150385073967556noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-36097727.post-44809423967540887982007-03-20T20:15:00.000-07:002007-03-20T20:26:47.672-07:00Dom Quixote na Ilha da Magia<div align="justify">(a Humberto Gessinger)</div><div align="justify">
Sou o bravo e digno cavaleiro
Que vem das Montanhas Encantadas
E não encontrei pelas estradas
Nenhuma besta, bruxo ou guerreiro
Que me fosse real adversário
Nas Montanhas Encantadas, ao norte
Do queijo se faz o pão
E as pessoas têm a sorte
De uma tarde quente de verão
É verdade que a Ilha da Magia
Tem muitíssimos encantos
(Como aquela linda guria
Que eu conheci no outro dia)
Mas ultimamente, por todos os cantos
Surgem inimigos - terríveis e vários
Que querem ver-me ao chão
O feroz dragão do sopro gelado
Leva seu vento de gelo a todos os lados
E o bruxo que faz verter águas copiosas
Com o poder de sua mão
É um terrível e temível vilão
Essas criaturas, vis e maldosas
Enfrentam a mim, guerreiro solitário
Que mantenho a lança em riste
A gente medíocre me chama de otário
“Bruxos e dragões? Nada disso existe
O que há é chuva, frio e vento
Um guarda-chuva e um homem louco”
A gentalha não entende meu intento
Por amor às causas perdidas
Enfrento os inimigos com todo empenho
Com habilidade e bravura, pouco a pouco
Apesar de suas ferozes investidas
De pé e combativo me mantenho
E conquisto toda a glória
Encharcado com as águas da vitória. </div>Enzo Braga Bittencourt Chinelattohttp://www.blogger.com/profile/10885150385073967556noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-36097727.post-1170438472597504352007-02-02T09:44:00.000-08:002007-02-02T09:47:52.610-08:00Mãe Nossa(a Michel Foucault)
Mãe Nossa dos tentáculos onipresentes,
comprovada seja a Vossa eficiência,
venha a nós a Vossa transparente verdade,
aqui nas humanas, como nas Exatas,
os procedimentos metodológicos infalíveis de cada dia nos fornecei hoje,
perdoai nossos resquícios de humanidade e lirismo,
assim como nós perdoamos a quem nos tenta fazer enxergar verdades invisíveis,
não nos deixeis cair em estado de poesia,
mas livrai-nos de toda crença não-comprovável em laboratório.
Amém.Enzo Braga Bittencourt Chinelattohttp://www.blogger.com/profile/10885150385073967556noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-36097727.post-1170185231011751802007-01-30T11:23:00.000-08:002007-01-30T11:27:11.026-08:00Fazendo arteContra falta de dinheiro e problema do coração
Ouça Engenheiros e Legião
Se quebrou o aparelho de som
E você ficou chateadíssimo
Leia Drummond e Veríssimo
Sua namorada pirou de vez
E te mandou aprender japonês
(Nessa época do mês)?
Nada de divã:
Vá ouvir Djavan
Se seu cachorro levou um tiro
E foi hospitalizado
A Viagem de Chihiro
E O Castelo Animado
Perdeu seu periquito?
Vá ver um bom filme do Carlitos
Se tentou comprar amores em feiras de ilusão
E agora está decepcionado
Ouça Abaixo Assinado
Contra tristeza pela manhã
E dor na nuca
O Fabuloso Destino de Amélie Poulain
E Em Busca da Terra do Nunca
Se a vida anda meio mala
Vá ouvir o Bono
Não agüenta mais o horário eleitoral?
Sempre vai bem um Manu Chao
Seu filho caiu e ficou banguela?
Diga a ele que A Vida é Bela
Está gamado numas gueixas?
Ouça Raul Seixas
E se a paixão
Não é mais como era antes
Ouça uma bela canção
Do Guilherme Arantes
Para todos os males existe uma solução
Veja as crianças
Que estão sempre fazendo arte
E vivem felizes
O mundo sem arte
É realmente chato
O mundo com arte,
Além de ser redondo,
É muito mais interessante
(Abaixo Assinado é uma banda muito legal lá da minha cidade, nas Montanhas Encantadas)Enzo Braga Bittencourt Chinelattohttp://www.blogger.com/profile/10885150385073967556noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-36097727.post-1168870367414064932007-01-15T06:10:00.000-08:002007-02-02T09:51:29.543-08:00Carpe DiemCarpe-diem
Carpe-diem
Carpe-diem
Triiimmm!
Acorda pra vida, rapaz!
O vento sopra uma linda canção
Convidando a viver esse mundo
Afinal, por que não viver?
Se não há outro mundo...
As montanhas imponentes
Cheiram a encanto, infância, raízes
A pão de queijo e café com leite
Atrás delas, o sol se levanta
Abre a porta e a janela
E vem ver o sol nascer
Anunciando que onde ele reina
Existe luz e calor
E a vida dança numa melodia oscilante
Às vezes baladinha a dois
Às vezes Novos Bahianos
Às vezes violão e voz
Às vezes rock de cabelos revoltos
Às vezes sempre é muito bom!
O mundo é uma caixinha redonda de surpresas
A certeza da incerteza
A beleza que se esconde
Louca pra ser encontrada
Mas onde?
Da Ilha da Magia às Montanhas Encantadas
Dos Pampas a Sampa
Do bar da esquina ao Japão
O sol, a lua e as estrelas
O céu de brigadeiro e as nuvens de algodão
Convidam a um momento de loucura
Aventura, doçura
Lá fora e aqui dentro
O
Mundo
É
Enorme
E
E x p a n s i v oEnzo Braga Bittencourt Chinelattohttp://www.blogger.com/profile/10885150385073967556noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-36097727.post-1165915211721521942006-12-12T01:17:00.000-08:002006-12-12T01:27:50.596-08:00Tributo a Need for Speed - Most WantedLá fora chuva e vento e frio e nuvens. Sábado à tarde e dentro da República os meninos que durante a semana trabalharam e estudaram agora se deixam entorpecer diante da televisão. Na tela, as máquinas de curvas provocantes e cores vibrantes esbanjam o ronco nervoso de motores sedentos por aventura.
– Olha aí, cara! Cotovelo à esquerda, cotovelo à esquerda!
– Nossa, esses polícia tão zangado! Vixe! Passa no triângulo, mano!
– Pô, que *!#@”^!!! Deu “busted” de novo! Droga!
– Sente-só-a-potência! Míseros-trezeeeentos-e-cinqüenta-quilômetros-por-hora!
E assim corre o tempo. O ponteiro dos segundos, magrinho e meio com tendências hiperativas, se deixa levar pela velocidade alucinante do jogo na tela. O tempo não passa, simplesmente. Se deixa levar ao sabor do vento que sopra pra trás os cabelos dos jogadores motoristas. Os minutos se entregam agora e pisam com tudo no acelerador. As horas são ultrapassadas como retardatários patéticos. “Need for speed - Most wanted”, dizem as letras. De fato, ele é o mais querido de todos.
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Olá, meu nome é Enzo (balançando a perna com certo nervosismo). É o primeiro encontro que eu participo. É um passo muito importante pra mim. Um passo de cada vez, né? Sem pressa, um passo de cada vez (insinuando um ar irônico, mas em seguida voltando a falar sério). Bom (olhando o relógio, meio instintivamente), já faz cinco horas e (olhando de novo o relógio) trinta e dois minutos que estou limpo. Cinco horas sem jogar Need. Agora vejo que não preciso de Need (pensando que essa frase é engraçada, mas sem dividir o pensamento com os outros). Aquele ronco de motores, aqueles policiais desesperados pra me pegar, aqueles carros que saltam num balé poético quando eu bato neles a trezentos por hora... tudo isso é desnecessário (continuando o trocadilho entre idiomas...).
(Pequena pausa. Efeitos da abstinência. As pessoas trazem um copo com água e com o tempo o rapaz pára de imitar com a boca o barulho de motor. Continua seu relato.)
Sei que vai ser difícil. Tenho a velocidade no sangue, já injetei altas doses e não vai ser fácil ficar sem. A gente ouve umas histórias estranhas, né? Essas pessoas que têm flash back e tal, que de repente, num dia qualquer, começam a passar marcha no ar ou a correr quando passa a polícia... Essas histórias assustam a gente, mas eu estou disposto a me curar e levar a vida num ritmo mais lento.
(Uma lágrima rola na face do depoente. Os ouvintes, sentados em círculo, prestam atenção a essas palavras que ecoam em suas mentes e soam familiares. Um dos ouvintes não suportou a vontade e saiu do encontro. Foi encontrado algumas horas depois na locadora mais próxima. Mas sempre há uma esperança. O importante é dar um passo de cada vez. Um-dois, um-dois, um-dois... Somente números de um, no máximo dois dígitos.)Enzo Braga Bittencourt Chinelattohttp://www.blogger.com/profile/10885150385073967556noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-36097727.post-1163267531708988842006-11-11T09:22:00.000-08:002006-11-11T09:56:08.090-08:00Por que assistir Charlie ChaplinAo olhar um grande quadro na parede, vejo um homem com um elegante chapéu, um terno já castigado pelo tempo, calças que me fazem compreender o porquê dos suspensórios e, por último, o pequeno grande detalhe dos sapatões (me refiro aos sapatos grandes!). Inevitavelmente me pergunto o que há de especial naquele homem de figura romântica e melancólica cujos olhos plenos de expressão parecem desconhecer a própria grandiosidade. Afinal, quem é esse homem que, com seu corpo franzino e sua alma gigantesca, levou e ainda leva multidões a rir e chorar diante de uma tela?
Charles Spencer Chaplin nasceu na Inglaterra do final do século XIX, um país marcado por problemas sociais, no qual muitos viam na arte uma forma de fugir do "capitalismo selvagem" das fábricas. Sua mãe Hannah, que cantava e representava, foi quem permitiu ao pequeno Charlie ter contato com a arte. Já no final da adolescência seu jeito único de fazer graça começava a torná-lo famoso, e em poucos anos, indo para os EUA, surgia o imortal Vagabundo descrito mais acima.
Perfeccionista, Chaplin fez dezenas de filmes, que lhe custaram horas e horas de trabalho incessante. O resultado? Algumas de suas obras são consideradas genuínos exemplos do que há de mais belo na sétima arte. É o caso de Tempos Modernos, um filme que critica o tal capitalismo selvagem ao mostrar um operário que, de tanto apertar parafusos, fica literalmente louco. E não me atrevo a tentar descrever o lirismo perfeito dessa cena! Também nesse filme, há uma cena em que o Vagabundo, por acidente, segura uma bandeira vermelha, sendo por isso preso como "líder comunista". Curiosamente, o próprio Chaplin, que defendia os direitos humanos e afirmava categoricamente ser humanista e não comunista, foi perseguido e até exilado por americanos um tanto paranóicos (certas coisas parecem nunca mudar...).
Outro exemplo do impulso incontrolável de Chaplin para "fazer arte" é O Grande Ditador, no qual o artista critica de forma genial e esmagadora um certo Adolf Hitler, cuja mania de grandeza custou a vida de milhões de pessoas (sim: judeus, negros e homossexuais são pessoas). E, assim como o outro, este filme também tem suas curiosidades. Olhe bem a figura de Chaplin e a de Hitler. Percebe algo? O bigode, claro! O Deus da Comédia e o deus da destruição, que nasceram com apenas quatro dias de diferença, conquistaram o mundo com um visual no mínimo inusitado.
Se Chaplin representa o amor à arte, o desejo de se dedicar a algo sublime e alcançar o máximo que a condição humana nos permite, a verdade é que hoje em dia as coisas são bem diferentes. O cinema mudo, que tinha muito a dizer, foi trocado por um cinema falado que, com seus tiros e suas explosões exageradas, pouco tem a comunicar. Com aqueles filmes de seqüestro aéreo, por exemplo, temos a oportunidade de ver o mesmo enredo n vezes. E os filme de guerra, então? Somos assediados, a todo momento, a acreditar que os EUA são nosso GOD: "Grande e Onipotente Defensor". Originalmente, o Super Man nada mais é do que a personificação disso.
Como não sou fatalista, devo admitir que existe um Roberto Bolaños (aqule do "Isso, isso, isso!") ou um Roberto Benigni (aquele outro do "Buongiorno, principessa!), que não só lembram o grande mestre, como nos presenteiam com sua própria genialidade. Portanto, na locadora da esquina existe, no meio do barulho irritante de tiros e ronco de motor, escondida e acuada num cantinho, uma fita de aspecto pouco atraente, mas capaz de revelar um mundo de lirismo, magia e sentimento. É só estender a mão e pegá-la.<span style="font-weight: bold;"></span>Enzo Braga Bittencourt Chinelattohttp://www.blogger.com/profile/10885150385073967556noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-36097727.post-1163265613294207802006-11-11T09:19:00.000-08:002006-11-11T09:21:15.730-08:00Declaração de humorUm minuto de silêncio
Repleto de arte e beleza
Gestos e faces que com certeza
Dizem mais ao coração
Do que gritos e barulho de explosão
Um minuto de gargalhadas incessantes
Quando você entra pela tela
E saltitante dá aquela
Sua tropeçada hilariante
Um maravilhoso vagabundo,
Um formidável andarilho,
Que percorre, de tela em tela,
Os quatro cantos do mundo
E carinhosamente lhe aplica
Um ponta-pé no fundilho
Para o completo delírio
Da platéia, que fica
Pra morrer de tanto rir
Porque é impossível não sorrir
Em sua presença tão marcante
Este é você, Carlitos
Com sua alegria contagiante
E seu olhar melancólico,
Que parece vasculhar o infinito,
Nos mostra o que há de mais mágico,
De mais intenso e mais bonito
Nesse mundo silencioso
Tão maravilhosamente falante,
Nesse mundo em preto e branco
Tão cheio de cor
A você, Carlitos,
Minha sincera declaração de humor.Enzo Braga Bittencourt Chinelattohttp://www.blogger.com/profile/10885150385073967556noreply@blogger.com0