domingo, 13 de maio de 2012

Atlético Mineiro, campeão do Gelo e das Montanhas

Hoje, dia 13 de maio, ocorreu a partida final do Campeonato Mineiro de Futebol. Atlético e América chegaram até a decisão com méritos. De um lado, o América passou pelo Cruzeiro de modo inconteste, com duas vitórias nas semifinais. Do outro, o Atlético chegou com o melhor ataque e a melhor defesa do campeonato, jogando pelo empate devido à melhor campanha. Entretanto, o Clube Atlético Mineiro não entrou em campo pensando em empate, como ficaria nítido nos 90 minutos seguintes.

A bola começa a rolar e com poucos segundos de jogo Mancini, o habilidoso meio-campista ofensivo do Atlético, sofre uma falta. Sofreria outras ao longo do jogo e chutaria com perigo, sobretudo aos 14 minutos, quando chutou em cobrança de falta e viu a bola bater no travessão. Um pouco antes disso, no minuto anterior, China havia adentrado a área atleticana e sido puxado por Bernard, mas o árbitro não marcou pênalti.

Aos 22 minutos, Serginho, competente meio-campista defensivo do Atlético, chuta com perigo de fora da área. Nove minutos depois, o mesmo Serginho faz jogada central, iniciando no campo de defesa, partindo em direção ao ataque e tocando para Guilherme. Este avança em direção à área e chuta a bola com categoria, fazendo-a passar pelo goleiro, tocar o travessão e a trave e voltar para o meio da área, onde Serginho, aquele que iniciou a jogada, aguarda de modo oportunista para cabecear a bola para dentro do gol. O Atlético faz 1 a 0 e não parece estar nada satisfeito.

De fato, aos 39 minutos do primeiro tempo, Bernard, atuando como ponta-esquerda do Galo, avança pelo seu território, vence a dividida com o zagueiro e chuta no cantinho. A pelota beija a trave e entra. Atlético 2 a 0 no América. A Galoucura, essa torcida apaixonada que acompanha o clube do coração em suas montanhas ou mesmo nas terras alheias, essa massa que simboliza o décimo segundo jogador, a Galoucura “adentra” o campo ao emitir, a plenos pulmões, frases convictas da vitória no jogo e no campeonato. E ainda havia muita bola para rolar...

Começa o segundo tempo. Faltam apenas quarenta e cinco minutos para o fim do Campeonato Mineiro. O América precisa fazer três gols, mas o Atlético, que dominou a primeira etapa, não está disposto a defender-se. Ao ataque sempre, como deve comportar-se um time campeão. Jogando a final no lugar do artilheiro André, suspenso, Guilherme participou dos dois gols no primeiro tempo, mas sentiu dores musculares e foi substituído por Leleu. Logo aos três minutos da etapa final, este chuta no canto, obrigando o goleiro adversário a espalmar a bola em escanteio. Pouco tempo depois, Danilinho, o ágil ponta-direita atleticano, adentra a área e chuta com precisão, mas a bola é desviada pelo defensor.

O América, que atropelou uma raposa tímida por duas vezes nas semifinais, mostra que está vivo no jogo. Aos 18 minutos do tempo final, Alessandro chuta com o pé esquerdo e a bola passa a poucos centímetros da baliza atleticana. Pouco tempo depois, Giovanni, o goleiro do Galo, é requisitado novamente e defende firme uma bola cabeceada por jogador americano. O América teria mais uma chance de abrir o placar em cobrança de falta frontal, mas Meneguel ficou no quase.

O dia é mesmo de Galo. Aos 31 minutos, Bernard pega rebote na área americana, chuta com estilo e faz o terceiro gol do time, segundo gol do jogador na partida, decretando assim, de modo inegável e definitivo, a condição do Atlético como campeão do Campeonato Mineiro de Futebol de 2012. Réver e Giovanni foram soberanos na defesa, Richarlyson provou mais uma vez que sabe exercer funções variadas em campo, Serginho se mostrou forte no momento da decisão, os pontas passearam com facilidade pelos flancos e os atacantes se impuseram no território supostamente adversário.

O Galo é campeão invicto, tendo 11 vitórias e 4 empates. Campanha esplêndida de uma equipe vencedora. Todo esse lindo estado montanhoso das Minas Gerais é território atleticano. Aqui, por todo lugar, ecoa o hino do campeão dessas montanhas imponentes: o não menos imponente Clube Atlético Mineiro, Galo forte e vingador!

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Jogos Eletrônicos: Uma Breve Reflexão

Caro leitor, querida leitora, peço um momento da sua atenção porque quero debater sobre um assunto polêmico: a relação entre jogos eletrônicos e seus jogadores. Muitas pessoas, influenciadas por aquilo que é dito sobretudo nos canais abertos, costumam posicionar-se em uma de três opiniões extremas: pensam que jogos eletrônicos são coisa de criança, ou pensam que os jogadores são pessoas violentas, ou ainda que os jogadores são viciados. Convido agora a leitora e o leitor a uma breve reflexão sobre o assunto.

Quanto à idéia de que os jogos eletrônicos são uma forma de lazer exclusiva a crianças (ou a adultos infantilizados), é fácil verificar que não é bem assim. Existem jogos cujo grau de complexidade é bastante alto, exigindo um nível de conhecimentos gerais ou certas capacidades cognitivas que, em geral, as crianças não possuem ainda. Além disso, temos no mundo dos jogos eletrônicos títulos que trazem conteúdo adulto, sobretudo relacionado à sexualidade humana e à violência.

Falando em violência, chegamos a outro ponto: quem se dedica a jogos eletrônicos se torna violento? Não necessariamente! Afinal, o que leva alguém a cometer atos de violência? Bem, em todas as sociedades humanas, existem regras de comportamento, existe a noção de certo e errado, existem noções de ética e de moral que são transmitidas aos indivíduos através da família, da escola, da religião e de outras instituições.

Ocorre que, de modo geral, as pessoas internalizam as regras como válidas, e passam então, gradativamente, a comportar-se de acordo com tais normas. Essas pessoas, que entendem a noção de moralidade e a praticam, são pessoas morais. Entretanto, existem também aqueles que são amorais e aqueles que são imorais.

Amoral é alguém que não é capaz de perceber a distinção entre certo e errado. É o caso de crianças muito jovens, de idosos com alguma patologia que os faça regredir àquilo que se costuma chamar de “segunda infância”, e das pessoas tidas como insanas. Tais pessoas são incapazes de decidir sobre a moralidade dos seus atos. São amorais. Já os imorais são aqueles que conhecem as regras de conduta de seu meio social, mas de propósito transgridem essas regras. É o caso de quem rouba, engana, humilha, mata etc. e tem consciência do que está fazendo.

Pois bem, mas o que isso tem a ver com os jogos eletrônicos? Simples! Se uma pessoa madura e moral (que respeita as regras de convivência) se aventurar em jogos violentos, não há por que supor que tal pessoa há de tornar-se violenta. Afinal, essa pessoa é sã a ponto de perceber a diferença entre realidade e ficção, e tem boa índole a ponto de não transgredir as normas que visam o bom convívio social.

A gente pode até argumentar que jogos violentos são uma espécie de “terapia”, em sentido metafórico, é claro. Afinal, após decepar, metralhar ou, no extremo da maldade, obrigar um personagem do jogo a ouvir “funk” carioca, o jogador costuma sentir alívio, alegria, conforto. Somos todos “homo-pensa-que-sapiens”. Mamíferos. Bichos. Portanto, temos agressividade. É melhor sublimar essa agressividade num personagem fictício, do praticá-la contra um ser humano de carne e osso. Além do mais, se uma pessoa está prestes a cometer um ato violento, então ela pode inspirar-se não apenas num jogo, mas também num filme, num livro, numa música etc.

A terceira falácia é de que os jogadores são “tudo um bando de viciado”. O que é vício, querida leitora? É o contrário de virtude. Vício é aquilo que um indivíduo faz compulsivamente, sem ter controle sobre seu comportamento. Vício é aquilo que afasta o indivíduo de atividades edificantes.

Se alguém deixa de trabalhar, estudar ou cuidar de si para aventurar-se num jogo eletrônico, então é cabível falar em vício. Entretanto, uma pessoa que se dedica às atividades cotidianas normalmente e, nos momentos de folga, diverte-se com um jogo eletrônico, essa pessoa pode ser chamada de viciada?

Vale lembrar, também, que alguém pode viciar-se em mil e uma coisas. Há pessoas viciadas em cafeína, há pessoas viciadas em jogos de azar, outras são viciadas em comida... Tem até gente viciada em trabalho, existindo inclusive o termo inglês “workaholic” (parecido com “alcoholic”) para designá-las. A expressão “viciada em trabalho” pode parecer absurda para alguns, mas pensemos um pouco a respeito. Se alguém trabalha incessantemente, deixando tudo mais em segundo plano, inclusive as pessoas amadas, inclusive seu próprio bem estar físico e mental, essa pessoa está dedicando-se ao trabalho de modo saudável?

Então, querido leitor, cara leitora, espero sinceramente ter estimulado aqui a reflexão sobre o tema abordado. Esse assunto me parece bem interessante, e seria um prazer trocar mais idéia a respeito. Porém, preciso ir porque tenho um jogo muito legal me esperando ali. Espero que minhas palavras provoquem um “level up” no pensamento de algumas pessoas.